30/11/2012

Ecos



















Ecos

Ouço gritos
Paridos nos porões
Da alma conturbada
E corro...

Braços estendidos,
Cúmplices
Que tateiam nas paredes viscosas
Do nada, do sempre, do nunca...

Chicotadas indevidas
Ardem-me nas costas
E a escuridão emoldura
Meu desespero.

Encontro suas mãos
Trêmulas, suadas, com medo,
E seus olhos sorriem
Por baixo da última lágrima.

Cedo meu ombro
Beijo sua boca
E seus gritos são,
Enfim,
Apenas novos gemidos de prazer.

Anderson Fabiano

Este poema se complementa com o poema Mudez, de Helena Chiarello, postado no Revelar.

Imagem: Google

19/07/2012

Confissões














Confissões

.......... Perdoa-me amor 
.......... Se não sei dizer “eu te amo”
.......... Com as palavras que você, talvez, queria...


Talvez sejam os medos
Acumulados nos abandonos pretéritos,
Talvez os segredos 

Urdidos pra te provocar, 
Ou talvez apenas degredos
Inventados por meus erros.


Mas, sei dizer “eu te amo”,
Quando me perco embevecido
Na visão do teu rosto,

Dos teus seios
Ou no passeio matreiro
De meus toques
Em tuas coxas e ventre,
Ou ainda nas poesias
Que não te escrevo.


.......... Isso mesmo: as que não te escrevo!

Perdoa-me, então, amor,
Pois me falta o tempo,
(No tempo que me resta),
Para “fazer” poesias.


Prefiro vivê-las
Nos gestos que nascem em você,
No afago que te doo,
Apaixonado,


.......... E na certeza desse meu jeito de amar
.......... Aqui, ardentemente, confessado.



Anderson Fabiano


Imagem: Acervo do autor

08/03/2012

Teus seios
















Teus seios

Que segredos, afinal,
Guardam teus seios,
Além da privacidade que me confiou
E essa alvura que lhe empresta
Uma pureza
Que há muito se foi?

Quando são mais meus?
Quando clamam beijos atrevidos
Ou quando protegem meus sonhos?

Por que tocá-los
Me faz tão bem?
Por que beijá-los
Me faz melhor?
Por que sugá-los
Me devolve a vida?

Apraz-me, então,
Guardar o segredo
Das perguntas não-feitas...
E mais ainda,
Poder revê-los a cada hora,
A cada penumbra,
A cada gemido perdido na noite.

Anderson Fabiano

Imagem: Google

Feliz Dia Internacional da Mulher, meu amor.


03/03/2012

Meus campos















Meus campos

Lá longe,
Bem antes da consciência,
Ficaram meus campos.
Ingênuos, mansos, serenos,
Onde o menino de mim
Passeava as mãos
Sobre a relva orvalhada
Imaginando uma mulher amada.

Hoje, aqui tão perto,
Bem depois das certezas poucas,
Fica a pele fresca, macia e pura
De minha amada,
Onde o homem de mim
Passeia as mãos
À cata de prazeres tantos.

Logo depois,
Num tempo que o tempo não sabe medir,
Com o corpo entregue
Aos tremores do amor amado,
Confio minha cabeça
Ao colo de Helena
Que me devolve aos campos da inocência,
Confessando, com sacra calma,
Que a relva de outrora,
Era o manto de sua alma.

Anderson Fabiano

Imagem: Google


15/01/2012

Ode à musamada














Ode à musamada

Um sol de quinta-feira,
Cínico e vespertino,
Rompe os limites
Das linhas de bilro,
Imprime rendas à minha volta.
E rapta-me dos sonhos.

Desperto almiscarado
De odores e gestos
Entre pernas desnudas,
Ingênuas e desprotegidas
Quase fetais...
No merecido repouso
Da fêmeamada.

Pernas que escalaram meu corpo
Numa cavalgada frenética,
Mundana e sem fronteiras
De amazona no cio...
E gemeram e suspiraram...

Do sonho ao sonho...

É tempo de voltar para mim
Colecionar segredos,
Ser apenas realidade
E sorrir o amor confessado
Pela amante completa,
Que o mundo todo
            Vê apenas poeta.

Anderson Fabiano