Rascunhos noturnos
Esta noite quero a chuva.
Chuva forte.
Forte, inclemente e barulhenta
Pra ver se aplaco de vez
A fúria da alma inquieta e sedenta.
Não quero a Lua!
A Lua não me serve esta noite.
Pois já tenho a Lua
Deitada ao lado, qual fêmeamada
Linda e nua.
Quero que a noite seja escura.
Bem escura,
Pra que a dor seja intensa,
Genuína e pura.
Quero sentir medo,
Temer angústias e fantasmas,
Dormir acordado
E acordar bem cedo.
E no primeiro Sol,
Desdenhar a morte,
Reencontrar meu norte.
Renascer em seu sorriso,
Reunir meus estilhaços
E me perder de vez
No seu melhor abraço.
Anderson Fabiano