Confissões...
..........(... a Neruda)
Nada sei de Neruda
Senão a Poesia que nos une
E que nos faz tão distantes...
..........Mas, sei de vidas confessadas.
..........De sombras que perseguiam,
..........Dos salões cinzentos
..........E hangares cruéis que insistiam
..........Em se despedir, sem chegadas.
Sei da língua muda.
Escondida em sacros quadris,
Onde nascem o trigo,
E a força de tantas paixões eriçadas...
..........Mas, nada sei de Neruda.
Do mar, sei as ondas.
Crespas melenas,
De minha Helena.
E as velas,
Alvas, esvoaçantes e humildes
Como as de tua Matilde
Mas, do mar sei também o sal...
O mar é sal.
Lágrimas do poeta que pranteia
Sem respostas,
Perguntas que insistiam na areia.
..........Nada sei de Neruda.
..........Mas, também da luz nada sei,
..........Nem de onde vem,
..........Nem para onde vai.
Mas, sei de paredes nuas,
Camas vazias e silêncios
Verdades minhas e suas.
E segredos, muitos segredos,
Guardados qual sussurros,
Em fendas d’alma em degredo.
Nada sei de Neruda.
Mas, queria ter com ele...
Ainda que por uns segundos,
Aqui ou quem sabe, no infinito,
E em reverencial silêncio,
Confessar que eu,
..........Assim como a Poesia,
....................Também o necessito.
Anderson Fabiano
Imagens: Google, editadas pelo autor
[Poema publicado na II Antologia "Mil Poemas para Neruda" - ed. 2011, organizada pelo poeta chileno Alfred Asís, Cónsul de Isla Negra y Litoral de los Poetas - Poetas del Mundo, lançado no Chile em 09/Julho/2011]