28/02/2010

Nós é dois...


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Aqueles que acompanham meu trabalho sabem que
não sou dado à Poetrix. Entretanto, a estreita convivência
com uma das melhores autoras desse gênero, Helena Chiarello,
e sua inesgotável paciência (e persistência) me estimulou
a arriscar "Nós é dois...", meu primeiro Poetrix.
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Espero que gostem.
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Meu carinho,
Anderson Fabiano
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Imagem: Gethy

24/02/2010

Encontros, afetos e manhãs



Encontro, afetos e manhãs

Quando meus pés cansados,
Feridos e sem rumo,
Precisaram de um bálsamo,
..........Foram suas mãos que o acarinharam
..........E sua língua que lambeu as chagas.

Quando precisei de ar,
Encontrei seu peito,
..........Doado e sem contrapartidas.

Quando precisei de um depois,
Um norte, um cais,
..........Foi por sua esperança
..........Que fui conduzido.

Quando precisei de um céu
Sobre minha cabeça erma,
Tola e sem serventia,
..........Você se fez estrela pra mim
..........E convenceu-me da caminhada.

Por esse nosso encontro...

Foi no travesseiro do lado,
Que você encontrou
..........sua melhor paz.

Foi no meu olhar cúmplice,
Que você se refez
..........dos desamores tantos,

E foi no meu peito
Que sua mão aninhou-se
..........para dormir suas melhores noites.

Então,
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Cada um de seus poros
Confiou-me o melhor sorriso,
Nas manhãs.
..........E, nas noites,
..........Seus melhores segredos e suores...

Simples assim...
..........Como um afeto prometido
....................Pela eternidade.
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Anderson Fabiano
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Esta poesia foi inspirada em "Então, estrelas" de Helena Chiarello e a ela é dedicada. AF
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Imagem: Pesquisa: Helena Chiarello, Arte: Anderson Fabiano
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18/02/2010

Silêncios, mistérios e (en)cantos



Silêncios, mistérios e (en)cantos


Há silêncios que escolhemos

Outros, apenas nos chegam...


Pássaros encantados

Estão nas árvores próximas.

E teem sons que precisamos ouvir.

Apura, pois, teus ouvidos

E escuta os pássaros que rompem o silêncio...

..........Eles revelam teus segredos.


Há momentos que escolhemos

Outros apenas nos chegam...


Vida é selva

De árvores alheias e distantes: nós!

Tolos, soberbos e sós.

Cremos saber cantos que vamos ouvir...

Apura, pois, teus ouvidos,

Sou teu pássaro encantado

..........E tenho mistérios teus pra contar...

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Anderson Fabiano

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Imagem: Google

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Escrito e postado em Blumenau

11/02/2010

Los ojos de Beatriz



Los ojos de Beatriz
(Versión en español. Abajo, en el original en português)

Quería a ser puro…
¡No santo! Pero puro.
..........Apenas puro.

Los placeres de la carne
Y las pasiones intensas
..........Todavía mueven mis instintos.

Quería de vuelta al niño que hay en mí
Aquél que dibujaba en las nubes
..........Y confiaba en la gente…

"Deseé crecer, sin perder la ternura",
Pero, creo que lo perdí…

Quería inclinar mi mirada sobre un balcón
Ver las alegrías o las tragedias de cada uno
Y a transmutarlas, en un idioma universal,
..........De Paz, sutileza y candidez

Quería saber la medida justa
Entre lo sacro y lo profano,
Y, incluso mundano,
..........Cargar mis versos de dulzura...

Sé que otra vida me espera,
Luego después de aquí
Así que por único favor:
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Cuando esta vida estuviera a un triz,
Me dejaran ver el mundo
..........Al menos por un segundo.
....................A través de los ojos de Beatriz.
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Anderson Fabiano
Adaptación: Xiomara Beatriz

Esta poesía está dedicada a mi amiga Xiomara Beatriz, una mujer de que aprendió ver la vida con los ojos del alma.A. F.

Os olhos de Beatriz

Queria ser puro...
Não santo!
..........Apenas puro.
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Os prazeres da carne
E as paixões intensas
..........Ainda movem meus instintos.

Queria de volta o menino de mim
Aquele que desenhava nas nuvens
..........E confiava nas pessoas...

“Quis endurecer, sem perder a ternura”,
Mas, acho que a perdi...

Queria debruçar meu olhar
Por sobre uma varanda,
Ver as alegrias e tragédias de cada um
E transmutá-la, num idioma universal,
..........De Paz, leveza e candura...

Queria saber a medida certa
Entre o sacro e o profano,
E, mesmo mundano,
..........Carregar meus versos de doçura...

Sei que outra vida me espera,
Logo depois daqui.
Assim, peço um único favor:

Quando esta vida estiver por um triz,
Me deixem ver o mundo,
..........Ao menos por um segundo,
....................Pelos olhos de Beatriz.
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Anderson Fabiano

Esta poesia é dedicada à minha amiga Xiomara Beatriz, uma mulher que aprendeu a ver a vida com os olhos da alma.A. F.
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Imagem: Montagem sobre tela de Brueguel (Provers)

08/02/2010

Vozes, vazios e um depois


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Vozes, vazios e um depois

Vozes perambulam na cabeça.
Desconexas, sem sentido, nuas...
Anônimas, como vozerio das ruas...
..........Nenhuma voz me chama
....................Nenhuma me inflama...

Seios sem par, ventres partidos,
Mãos, coxas, olhares atrevidos...
Cenas dignas de Dali,
..........Mas, nenhuma figura se cria
....................Ou renasce pra mim,
..............................Nem real, nem fantasia.

Não me chegam mais
Sabores almiscarados,
Cheiros agridoces,
..........Nem gotas de suor
....................Tombam no travesseiro do lado.

Reduzo-me, então,
Ao meu Eu fetal,
Silencio a poesia
Entrego-me ao vazio abissal,
Morrendo, assim,
Naquele que creio,
..........Ser o melhor de mim...

Vazio, sem rumo certo,
Clamo por um depois,
..........E sei alguém por perto!

Anuncie-se pois...
(Sem sombras ou fantasmas)
..........E reúna logo,
....................Nossos dispersos plasmas.
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Anderson Fabiano
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Imagem: Google

06/02/2010

Amores, prantos e despedidas


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Amores, prantos e despedidas

Amores se vão
Vãos...
..........Tão vazios de mim...

.............Então, pranteio palavras
....................E sangro poesias...

Outros amores se acercam
Plenos...
..........Tão sedentos de mim...

.............Então, preparo a alma
....................Pras dores do porvir...

Até quando?
..........Se já é logo ali
....................Meu tempo de partir?...

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Anderson Fabiano
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Imagem: Gethy

02/02/2010

Palavras, farsas e silêncios


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Palavras, farsas e silêncios

Tu queres poesia?
Então, perfuma-te num longo banho,
Despe tua mais sedosa camisola
E deita teu belo corpo naquela cama.

..........Sim! Aquela, onde enfrento meus medos
..........Todas as noites
..........Sem teu hálito doce e só.

Agora, abre teus braços
E oferece teus seios
Com teu melhor olhar...
E cala minhas palavras
Com os beijos
Que te levarão pra bem longe daqui.

Confia-me teu ventre
Às luxurias que aprendi nos bordéis,
Onde jamais pisastes...
..........E entreabre tuas pernas
....................Relevando-me teu melhor abismo...

Tu queres poesia?
Então, receba a poesia que te cabe!
..........Sente como ela te avassala!
....................Te corrompe, te reduz a simples fêmea.

Percebes a poesia, agora, dentro de ti?
Pois, ela é tua! Somente tua...
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... E eu te espero...
Nesse movimento contínuo
De certeza, dúvida...
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...Até que a tua meretriz
Libere o urro que trazes
Preso à garganta,
Parido de tuas entranhas
E liberte teu melhor orgasmo.

...Louco? Eu?
Não, apenas um raro
Um poeta, talvez amante...
..........Mostra-me um poeta
....................Que não seja louco,
..............................Que te mostrarei um farsante!
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Anderson Fabiano
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Imagem: Getty